31 de janeiro de 2013

Prêmios de Literatura: Jabuti e Nobel




Existem algumas formas de se entender Literatura, que são tidas a partir da função que o texto literário pretende alcançar ao ser produzido. Não, não estou tratando de conceitos, pois esse campo diz respeito a estudiosos da literatura. De forma superficial, pode-se adiantar que para alguns, seguidores da linha de Antônio Cândido, literatura é a formação de um sistema em que deve haver a trinca escritor-obra-leitor mais a tradição. Outros afirmam que a literatura entendida como clássica não pode ser vista como tal no tempo em que é produzida. Enfim, as duas visões que podemos colocar sobre uma obra literária correspondem à finalidade que ela possui: constituir-se produto comercial ou obra de arte.

Meu envolvimento em outras pesquisas não permite desbravar a possibilidade de conciliar a obra de arte ao apelo comercial de modo que uma obra que seja considerada boa literatura, seja bom produto de comércio. Ainda assim, arrisco afirmar que seja possível uma aproximação, embora, qualquer apelo comercial faça com que a academia suspeite da qualidade literária de alguns títulos. Por exemplo, Saramago, Nobel de Literatura, em 1998, sofreu alguma resistência em algumas de suas últimas obras, a razão principal se deve ao fato de Pilar Del Rio, sua esposa, promovê-lo incansavelmente.


Discussões a parte, esse post traz um pouco sobre dois dos prêmios mais importantes de Literatura para um autor brasileiro, o Prêmio Jabuti, a mais alta condecoração brasileira de Literatura, e o Prêmio Nobel de Literatura, o mais célebre do mundo.


O Prêmio Jabuti foi criado pela Câmera Brasileira do Livro, na gestão de Edgar Cavalheiro (1955-1957), e foi posto em prática na gestão seguinte, de Diaulas Riedel (1957-1959), quando teve a sua primeira premiação, realizada de modo simples. Nessa ocasião, Jorge Amado foi premiado na categoria melhor romance com “Gabriela, Cravo e Canela” e Saraiva ganhou o prêmio de Editor do ano. Isso tudo no final de 1959.

O nome é inspirado num personagem de Monteiro Lobato, do universo do Sítio do Pica-Pau Amarelo, em que um Jabuti, embora tenha a suas limitações, utiliza-se da sua esperteza e destreza para sobrepor aos obstáculos e vencer os adversários. Nesse momento, há um resgate histórico das qualidades brasileiras e da cultura nacional o que sintetiza a escolha do nome.

Ao longo dos seus 54 anos de história, o Prêmio foi se transformando e agora conta com muitas categorias, além das clássicas, Melhor romance, Melhor conto e Melhor Livro Infantil. Atualmente, há 27 categorias de premiação, o que confirma o Jabuti como o maior e mais completo prêmio literário do Brasil. O maior vencedor do Prêmio é o escritor paranaense Dalton Trevisan, que levou para casa quatro estatuetas, nas categorias Melhor Conto, em 1960, 1965, 1995 e 2011.

Agora, vamos para o Prêmio Nobel de Literatura. De uma forma geral, o Prêmio Nobel é entregue aos mais brilhantes e gênios de cada ano nas mais variadas áreas. Nada mais justo do que um momento reservado para escritores, que são condecorados não apenas pelo sucesso literário ou pela construção de um bom livro. Esses escritores são premiados por todo o trabalho que realizam e pela filosofia de vida que regem as suas vidas.

O criador do Prêmio foi o engenheiro e inventor sueco, Alfred Bernhard Nobel, torna-se claro o porquê de a escolha ser feita pela Academia Sueca, que premia autores de todas as nacionalidades. Uma curiosidade é o fato de que o único autor de língua portuguesa a receber essa láurea foi José Saramago, em 1998, o português faleceu em 2010.

O Prêmio teve a sua primeira edição em 1901 quando o francês Sully Prudhomme foi eleito. Um pouco a respeito da criação desse grande evento. Alfred Nobel era rico, muito rico. Todo esse dinheiro foi oriundo da sua vida dedicada às descobertas, principalmente, em explosivos, sendo o criador da dinamite. O que lhe rendeu muito dinheiro com a comercialização. Outras 350 patentes fizeram com que seu capital crescesse. Construiu fundações de pesquisas em cerca de 20 países e ao final da sua vida, destinou boa parte do seu dinheiro a uma fundação que premiasse os mais brilhantes que realizassem descobertas na área de Física, Química, Medicina e Literatura. Além disso, um prêmio para aqueles que se esforçassem pela difusão da Paz. Posteriormente, foi adicionado um prêmio para as Ciências Econômicas.

Em relação ao Prêmio Nobel de Literatura, em duas ocasiões ele não foi aceito. Em 1958, por Boris Pasternak por causa da forte pressão do governo soviético e, em 1968, por Jean-Paul Sartre, que dissera que aceitar o prêmio implicaria em perder sua identidade como filósofo. Nos anos de 1914, 1918, 1935, 1940, 1941, 1942 e 1943 não houve premiados.

Em suma, receber um Prêmio é ser lembrado e reconhecido por determinado grupo que o seu trabalho é significativo e relevante é bom. Ser reconhecido por um grupo com grande prestígio é melhor ainda. Por isso, mesmo que você não ganhe um Prêmio Jabuti ou Nobel de Literatura, seja humilde e compartilhe a sua vitória com as pessoas que lhe dão apoio, elas fazem com que o prêmio tenha valor.

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