Existem
algumas formas de se entender Literatura, que são tidas a partir da função que
o texto literário pretende alcançar ao ser produzido. Não, não estou tratando
de conceitos, pois esse campo diz respeito a estudiosos da literatura. De forma
superficial, pode-se adiantar que para alguns, seguidores da linha de Antônio
Cândido, literatura é a formação de um sistema em que deve haver a trinca
escritor-obra-leitor mais a tradição. Outros afirmam que a literatura entendida
como clássica não pode ser vista como tal no tempo em que é produzida. Enfim,
as duas visões que podemos colocar sobre uma obra literária correspondem à
finalidade que ela possui: constituir-se produto comercial ou obra de arte.
Meu
envolvimento em outras pesquisas não permite desbravar a possibilidade de
conciliar a obra de arte ao apelo comercial de modo que uma obra que seja
considerada boa literatura, seja bom produto de comércio. Ainda assim, arrisco
afirmar que seja possível uma aproximação, embora, qualquer apelo comercial
faça com que a academia suspeite da qualidade literária de alguns títulos. Por
exemplo, Saramago, Nobel de Literatura, em 1998, sofreu alguma resistência em
algumas de suas últimas obras, a razão principal se deve ao fato de Pilar Del Rio,
sua esposa, promovê-lo incansavelmente.
Discussões
a parte, esse post traz um pouco sobre dois dos prêmios mais importantes de Literatura
para um autor brasileiro, o Prêmio Jabuti, a mais alta condecoração brasileira
de Literatura, e o Prêmio Nobel de Literatura, o mais célebre do mundo.
O
Prêmio Jabuti foi criado pela Câmera Brasileira do Livro, na gestão de Edgar
Cavalheiro (1955-1957), e foi posto em prática na gestão seguinte, de Diaulas
Riedel (1957-1959), quando teve a sua primeira premiação, realizada de modo
simples. Nessa ocasião, Jorge Amado foi premiado na categoria melhor romance
com “Gabriela, Cravo e Canela” e Saraiva ganhou o prêmio de Editor do ano. Isso
tudo no final de 1959.
O
nome é inspirado num personagem de Monteiro Lobato, do universo do Sítio do Pica-Pau
Amarelo, em que um Jabuti, embora tenha a suas limitações, utiliza-se da sua
esperteza e destreza para sobrepor aos obstáculos e vencer os adversários.
Nesse momento, há um resgate histórico das qualidades brasileiras e da cultura
nacional o que sintetiza a escolha do nome.
Ao
longo dos seus 54 anos de história, o Prêmio foi se transformando e agora conta
com muitas categorias, além das clássicas, Melhor romance, Melhor conto e Melhor
Livro Infantil. Atualmente, há 27 categorias de premiação, o que confirma o
Jabuti como o maior e mais completo prêmio literário do Brasil. O maior
vencedor do Prêmio é o escritor paranaense Dalton Trevisan, que levou para casa
quatro estatuetas, nas categorias Melhor Conto, em 1960, 1965, 1995 e 2011.
Agora,
vamos para o Prêmio Nobel de Literatura. De uma forma geral, o Prêmio Nobel é
entregue aos mais brilhantes e gênios de cada ano nas mais variadas áreas. Nada
mais justo do que um momento reservado para escritores, que são condecorados
não apenas pelo sucesso literário ou pela construção de um bom livro. Esses
escritores são premiados por todo o trabalho que realizam e pela filosofia de
vida que regem as suas vidas.
O
criador do Prêmio foi o engenheiro e inventor sueco, Alfred Bernhard Nobel,
torna-se claro o porquê de a escolha ser feita pela Academia Sueca, que premia
autores de todas as nacionalidades. Uma curiosidade é o fato de que o único
autor de língua portuguesa a receber essa láurea foi José Saramago, em 1998, o
português faleceu em 2010.
O
Prêmio teve a sua primeira edição em 1901 quando o francês Sully Prudhomme foi
eleito. Um pouco a respeito da criação desse grande evento. Alfred Nobel era
rico, muito rico. Todo esse dinheiro foi oriundo da sua vida dedicada às
descobertas, principalmente, em explosivos, sendo o criador da dinamite. O que
lhe rendeu muito dinheiro com a comercialização. Outras 350 patentes fizeram
com que seu capital crescesse. Construiu fundações de pesquisas em cerca de 20
países e ao final da sua vida, destinou boa parte do seu dinheiro a uma
fundação que premiasse os mais brilhantes que realizassem descobertas na área
de Física, Química, Medicina e Literatura. Além disso, um prêmio para aqueles
que se esforçassem pela difusão da Paz. Posteriormente, foi adicionado um
prêmio para as Ciências Econômicas.
Em
relação ao Prêmio Nobel de Literatura, em duas ocasiões ele não foi aceito. Em
1958, por Boris Pasternak por causa da forte pressão do governo soviético e, em
1968, por Jean-Paul Sartre, que dissera que aceitar o prêmio implicaria em
perder sua identidade como filósofo. Nos anos de 1914, 1918, 1935, 1940, 1941,
1942 e 1943 não houve premiados.
Em
suma, receber um Prêmio é ser lembrado e reconhecido por determinado grupo que
o seu trabalho é significativo e relevante é bom. Ser reconhecido por um grupo
com grande prestígio é melhor ainda. Por isso, mesmo que você não ganhe um Prêmio
Jabuti ou Nobel de Literatura, seja humilde e compartilhe a sua vitória com as
pessoas que lhe dão apoio, elas fazem com que o prêmio tenha valor.
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