17 de janeiro de 2013

O Hobbit


Numa toca no chão vivia um hobbit

Isso mesmo: “Numa toca no chão vivia um hobbit”. Assim começa a história do nosso protagonista Bilbo Bolseiro, um hobbit acomodado e comilão. Claro, essas são características comuns aos hobbits e se você não sabe que tipo de criatura é essa, saiba que eles possuem um formato humanoide, menor que um anão, com pelos nos pés.

O livro de John Ronald Reuel Tolkien foi publicado pela primeira vez em setembro de 1937. Ele traz alguns temas universais, como, o companheirismo, amizade e guerra. Muitos críticos acreditam que há influências de contos de fadas, da mitologia (sobretudo, nórdica) que contribuiu para a criação dessa nova; e da primeira guerra mundial.

Influências a parte, é inegável que a criatividade do autor em construir todo esse universo, dotado de criaturas até então novas, língua, hidrografia e mapas, era espetacular. O Hobbit teve também o título de “The Hobbit, or there and back again” (O Hobbit, ou lá e de volta outra vez). Algumas alterações expressivas foram feitas no desenvolvimento da história ao longo de suas edições, elas foram necessárias para atribuir sentido e conexão com a série que viria a seguir, “O Senhor dos Anéis”.

O livro em questão é da terceira edição, lançada em 2009. Algumas considerações devem ser feitas. É um livro dirigido ao público infanto-juvenil, por isso, sua leitura não é difícil, embora, seja necessária uma capacidade de abstração muito boa para conseguir visualizar a deslocação geográfica do grupo.

A avaliação que se pode fazer de “O Hobbit” é extremamente positiva, o que parece totalmente desnecessário, pois, é um livro aclamado pela crítica há décadas e considerado um clássico da literatura infanto-juvenil. Pois bem, considero-me adulto e acrescento esse crédito para tornar a minha crítica um pouco relevante. A criança, o adolescente, não faz um grande número de adivinhações durante a leitura. Ele apenas vai recebendo informação. O adulto, em contrapartida, costuma antecipar o que o autor vai trazer. O resultado foi que fiquei surpreso com alguns fatos na aventura.

A história consiste na viagem de Bilbo Bolseiro com seus amigos anões, Oin, Gloin, Ori, Dori, Nori, Bofur, Bifur, Bombur, Dwalin, Balin, Fili, Kili e Thorin, escudo de Carvalho, e Gandalf. A montanha solitária onde outrora fora uma rica cidade dos anões cujo rei era Thrain, pai de Thorin, foi tomada por um dragão, o impenetrável Smaug. Uma reunião surpresa na casa de Bilbo selou o acordo de que viajariam até a montanha e o hobbit roubaria o tesouro dos anões.

A jornada se segue e eles passam por montanhas, entram em cavernas de Orcs (uma espécie de ogro e troll/trasgo), acabam cercados pelos Wargs, que são lobos malignos, são salvos por Águias Gigantes e aí, nesse ponto, acaba o sétimo capítulo. Nesse momento, um pouco antes melhor dizendo, há uma das alterações significantes, de uma edição para outra, no enredo. Bilbo encontra Gollum e, na primeira edição, a criatura aposta naturalmente a sua preciosidade, o anel; na versão posterior, Tolkien descreve Gollum mais agressivo e com nenhuma vontade de se desfazer de seu objeto. Enfim, Bilbo foge com o anel e Gollum amaldiçoa o hobbit dizendo odiar para sempre o ladrão.

Eles necessitam seguir viagem e devem passar pela Floresta das Trevas. Antes disso, passam uma noite na casa de Beorn, um personagem que é essencialmente do bem, mas o leitor não fica sabendo disso logo de cara. Na floresta, sem a presença de Gandalf, que tem algumas pendências a resolver, acabam se desviando do caminho e são capturados por Aranhas Gigantes. O ladrão, Bilbo, consegue salvar os anões dessa enrascada, contudo, mal saem de um problema e caem em outro, pois, são capturados por Elfos da Floresta e são presos. Bilbo, com o poder do anel, liberta-os e acabam chegando à cidade dos Homens do Lago. Lá são bem recebidos e canções antigas são cantadas, pois, há esperança de que a besta seja morta e o rio traga riquezas.

De lá, encaminham-se à desolação de Smaug e, após um tempo de lamentos, encontram a entrada secreta para dentro da Montanha. Bilbo percorre corredores até encontrar o salão onde estão os tesouros e, consequentemente, Smaug e tem conversas com a fera. O hobbit estupidamente revela por onde passaram e o dragão vai até a cidade dos Homens do Lago para aterrorizar as pessoas que lá habitam. O hobbit, em uma conversa com os anões, revela um ponto fraco na armadura de Smaug, essa informação é transmitida a um arqueiro da cidade por meio de um Tordo fofoqueiro e, assim, o homem mata o dragão.

Aqui está a primeira grande surpresa na trama. Eles atravessam metade da Terra Média, chegam à montanha do Dragão e quem mata a besta é um homem que morava lá do lado. Por essa eu realmente não esperava, enfim, Bilbo já discutia os termos do contrato em que sua responsabilidade era roubar o tesouro e não matar um dragão. Essa é uma cláusula muito importante, senhor Bolseiro.

O dragão morre e eu percebo que restam alguns capítulos. O que vem a seguir é um período pré-guerra, pois, sabem que Smaug não está na montanha, os Homens do Lago, os Elfos não acreditam que o Dragão tenha deixado os Anões vivos e se preparam para saquear a montanha. Contudo, a ave fofoqueira avisa os anões que preparam suas defesas e avisam por meio de corvos parentes mais distantes, os anões das colinas de ferro, liderados por Dain.

Os anões exploram a montanha a procura da Pedra de Arken, no entanto, Bilbo já havia a encontrado e a escondera em suas trouxas. Esse objeto é uma espécie de pedra preciosa que emana luz e pertenceu a Thrain, pai de Thorin. Por isso, o anão a desejava muito. Numa noite, Bilbo se ofereceu para ser vigia, substituindo Bombur, que foi dormir, o hobbit se dirigiu aos líderes dos Homens e dos Elfos para entregar a Pedra de Arken o que poderia facilitar uma negociação com Thorin.

A segunda grande supresa. Bilbo é um traidor. Fiquei revoltado com esse ato, mas, Gandalf aprovou a atitude. O hobbit volta para a montanha e, no dia seguinte, quando os homens tentam negociar, revela ter a entregado. Thorin explode e o expulsa. Momentos depois, chegam os anões das colinas de ferro para começar uma guerra, mas a surpresa maior é a aparição dos Orcs e dos Wargs e, então, Homens, Elfos e Anões se juntam para enfrentarem esse mal maior. Essa batalha é conhecida como a Batalha dos Cinco Exércitos.

Há uma narração da luta, criaturas morrendo e Bilbo leva um golpe na cabeça e desmaia. Ao acordar, encontra Thorin, Escudo de Carvalho, moribundo, deitado, pedindo desculpas pelo seu comportamento e terminam amigos.

Bilbo, então, pega uma pequena parte do que tinha direito no tesouro e retorna para o Condado. Dain, agora, é o novo rei sob a montanha. Além de Thorin, Fili e Kili também morrem e Bilbo chega a sua cidade quase um ano depois de sua partida, em meio a um leilão de seus pertences, pois, todos acreditavam que ele havia morrido, gastou quase tudo os seus ganhos na aventura comprando o que era seu, para evitar a burocracia.

Em suma, “O Hobbit” é um livro fascinante e que faz o leitor querer ler e viajar na Terra Média e se você estiver com um pouco de fome, prepare-se, pois, os Hobbits só pensam em comida e desjejum e isso acaba te afetando.

- Adeus, ó, Rei Élfico! – disse Gandalf. – Que a floresta verde seja alegre, enquanto o mundo ainda é jovem! E que alegre também seja todo o seu povo!
- Adeus, ó, Gandalf! – disse o rei. – Que você sempre apareça quando for mais necessário e menos esperado! Quanto mais vezes aparecer em meus salões, mais ficarei satisfeito!
- Peço-lhe – disse Bilbo, gaguejando e sem muita coragem – que aceite este presente! – e mostrou uma cota de malha de prata e pérolas que Dain lhe dera ao se despedirem.
- O que fiz por merecer um presente como este, ó, hobbit? – perguntou o rei.
- Bem, ah, eu pensei, não sabe? – disse Bilbo, bastante confuso – que, ah, um pequeno agradecimento pela sua, ah, hospitalidade. Quero dizer que mesmo um ladrão tem sentimentos. Bebi muito de seu vinho e comi muito de seu pão.
- Aceito o presente, ó, Bilbo, o Magnífico! – disse o rei em tom grave. – E nomeio-o amigo dos elfos e abençoado. Que sua sombra nunca diminua (caso contrário, roubar ficaria fácil demais)! Adeus!
[...]

A venda começaria às dez horas em ponto. Era quase hora do almoço, e a maioria das coisas já fora vendida por vários preços, que variavam de quase nada a pouquíssima coisa (como é comum acontecer em leilões). Os primos de Bilbo, os Sacola-Bolseiros, estavam, na verdade, ocupados medindo os cômodos da sua casa para ver se sua mobília caberia.



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