Numa toca no chão vivia um hobbit |
Isso
mesmo: “Numa toca no chão vivia um hobbit”. Assim começa a história do nosso
protagonista Bilbo Bolseiro, um hobbit acomodado e comilão. Claro, essas são
características comuns aos hobbits e se você não sabe que tipo de
criatura é essa, saiba que eles possuem um formato humanoide, menor que um anão, com
pelos nos pés.
O
livro de John Ronald Reuel Tolkien foi publicado pela primeira vez em setembro
de 1937. Ele traz alguns temas universais, como, o companheirismo, amizade e
guerra. Muitos críticos acreditam que há influências de contos de fadas, da
mitologia (sobretudo, nórdica) que contribuiu para a criação dessa nova; e
da primeira guerra mundial.
Influências
a parte, é inegável que a criatividade do autor em construir todo esse universo,
dotado de criaturas até então novas, língua, hidrografia e mapas, era espetacular.
O Hobbit teve também o título de “The
Hobbit, or there and back again” (O Hobbit, ou lá e de volta outra vez).
Algumas alterações expressivas foram feitas no desenvolvimento da história ao
longo de suas edições, elas foram necessárias para atribuir sentido e conexão
com a série que viria a seguir, “O Senhor dos Anéis”.
O
livro em questão é da terceira edição, lançada em 2009. Algumas considerações
devem ser feitas. É um livro dirigido ao público infanto-juvenil, por isso, sua
leitura não é difícil, embora, seja necessária uma capacidade de abstração muito boa
para conseguir visualizar a deslocação geográfica do grupo.
A
avaliação que se pode fazer de “O Hobbit” é extremamente positiva, o que parece
totalmente desnecessário, pois, é um livro aclamado pela crítica há décadas e
considerado um clássico da literatura infanto-juvenil. Pois bem, considero-me
adulto e acrescento esse crédito para tornar a minha crítica um pouco
relevante. A criança, o adolescente, não faz um grande número de adivinhações
durante a leitura. Ele apenas vai recebendo informação. O adulto, em contrapartida, costuma
antecipar o que o autor vai trazer. O resultado foi que fiquei surpreso com
alguns fatos na aventura.
A
história consiste na viagem de Bilbo Bolseiro com seus amigos anões, Oin,
Gloin, Ori, Dori, Nori, Bofur, Bifur, Bombur, Dwalin, Balin, Fili, Kili e
Thorin, escudo de Carvalho, e Gandalf. A montanha solitária onde outrora fora
uma rica cidade dos anões cujo rei era Thrain, pai de Thorin, foi tomada por um
dragão, o impenetrável Smaug. Uma reunião surpresa na casa de Bilbo selou o
acordo de que viajariam até a montanha e o hobbit roubaria o tesouro dos anões.
A
jornada se segue e eles passam por montanhas, entram em cavernas de Orcs (uma espécie de ogro e troll/trasgo),
acabam cercados pelos Wargs, que são lobos malignos, são salvos por Águias Gigantes
e aí, nesse ponto, acaba o sétimo capítulo. Nesse momento, um pouco antes melhor dizendo, há
uma das alterações significantes, de uma edição para outra, no enredo. Bilbo encontra
Gollum e, na primeira edição, a criatura aposta naturalmente a sua preciosidade,
o anel; na versão posterior, Tolkien descreve Gollum mais agressivo e com
nenhuma vontade de se desfazer de seu objeto. Enfim, Bilbo foge com o anel e
Gollum amaldiçoa o hobbit dizendo odiar para sempre o ladrão.
Eles
necessitam seguir viagem e devem passar pela Floresta das Trevas. Antes disso,
passam uma noite na casa de Beorn, um personagem que é essencialmente do bem,
mas o leitor não fica sabendo disso logo de cara. Na floresta, sem a presença
de Gandalf, que tem algumas pendências a resolver, acabam se desviando do
caminho e são capturados por Aranhas Gigantes. O ladrão, Bilbo, consegue salvar
os anões dessa enrascada, contudo, mal saem de um problema e caem em outro, pois,
são capturados por Elfos da Floresta e são presos. Bilbo, com o poder do anel,
liberta-os e acabam chegando à cidade dos Homens do Lago. Lá são bem recebidos
e canções antigas são cantadas, pois, há esperança de que a besta seja morta e
o rio traga riquezas.
De
lá, encaminham-se à desolação de Smaug e, após um tempo de lamentos, encontram
a entrada secreta para dentro da Montanha. Bilbo percorre corredores até
encontrar o salão onde estão os tesouros e, consequentemente, Smaug e tem
conversas com a fera. O hobbit estupidamente revela por onde passaram e o dragão vai até a
cidade dos Homens do Lago para aterrorizar as pessoas que lá habitam. O hobbit,
em uma conversa com os anões, revela um ponto fraco na armadura de Smaug, essa
informação é transmitida a um arqueiro da cidade por meio de um Tordo
fofoqueiro e, assim, o homem mata o dragão.
Aqui
está a primeira grande surpresa na trama. Eles atravessam metade da Terra Média, chegam à
montanha do Dragão e quem mata a besta é um homem que morava lá do lado. Por
essa eu realmente não esperava, enfim, Bilbo já discutia os termos do contrato
em que sua responsabilidade era roubar o tesouro e não matar um dragão. Essa é
uma cláusula muito importante, senhor Bolseiro.
O
dragão morre e eu percebo que restam alguns capítulos. O que vem a seguir é um
período pré-guerra, pois, sabem que Smaug não está na montanha, os Homens do Lago, os Elfos não acreditam que o Dragão tenha deixado os Anões vivos e se
preparam para saquear a montanha. Contudo, a ave fofoqueira avisa os anões que
preparam suas defesas e avisam por meio de corvos parentes mais distantes, os
anões das colinas de ferro, liderados por Dain.
Os
anões exploram a montanha a procura da Pedra de Arken, no entanto, Bilbo já
havia a encontrado e a escondera em suas trouxas. Esse objeto é uma espécie de
pedra preciosa que emana luz e pertenceu a Thrain, pai de Thorin. Por isso, o
anão a desejava muito. Numa noite, Bilbo se ofereceu para ser vigia,
substituindo Bombur, que foi dormir, o hobbit se dirigiu aos líderes dos Homens
e dos Elfos para entregar a Pedra de Arken o que poderia facilitar uma
negociação com Thorin.
A
segunda grande supresa. Bilbo é um traidor. Fiquei revoltado com esse ato, mas,
Gandalf aprovou a atitude. O hobbit volta para a montanha e, no dia seguinte, quando
os homens tentam negociar, revela ter a entregado. Thorin explode e o expulsa.
Momentos depois, chegam os anões das colinas de ferro para começar uma guerra,
mas a surpresa maior é a aparição dos Orcs e dos Wargs e, então, Homens, Elfos
e Anões se juntam para enfrentarem esse mal maior. Essa batalha é conhecida
como a Batalha dos Cinco Exércitos.
Há
uma narração da luta, criaturas morrendo e Bilbo leva um golpe na cabeça e
desmaia. Ao acordar, encontra Thorin, Escudo de Carvalho, moribundo, deitado,
pedindo desculpas pelo seu comportamento e terminam amigos.
Bilbo,
então, pega uma pequena parte do que tinha direito no tesouro e retorna para o
Condado. Dain, agora, é o novo rei sob a montanha. Além de Thorin, Fili e Kili
também morrem e Bilbo chega a sua cidade quase um ano depois de sua partida, em meio a um leilão de seus
pertences, pois, todos acreditavam que ele havia morrido, gastou quase tudo os
seus ganhos na aventura comprando o que era seu, para evitar a burocracia.
Em
suma, “O Hobbit” é um livro fascinante e que faz o leitor querer ler e viajar
na Terra Média e se você estiver com um pouco de fome, prepare-se, pois, os Hobbits só pensam em comida e desjejum e isso acaba te afetando.
-
Adeus, ó, Rei Élfico! – disse Gandalf. – Que a floresta verde seja alegre,
enquanto o mundo ainda é jovem! E que alegre também seja todo o seu povo!
-
Adeus, ó, Gandalf! – disse o rei. – Que você sempre apareça quando for mais
necessário e menos esperado! Quanto mais vezes aparecer em meus salões, mais
ficarei satisfeito!
-
Peço-lhe – disse Bilbo, gaguejando e sem muita coragem – que aceite este
presente! – e mostrou uma cota de malha de prata e pérolas que Dain lhe dera ao
se despedirem.
-
O que fiz por merecer um presente como este, ó, hobbit? – perguntou o rei.
-
Bem, ah, eu pensei, não sabe? – disse Bilbo, bastante confuso – que, ah, um
pequeno agradecimento pela sua, ah, hospitalidade. Quero dizer que mesmo um
ladrão tem sentimentos. Bebi muito de seu vinho e comi muito de seu pão.
-
Aceito o presente, ó, Bilbo, o Magnífico! – disse o rei em tom grave. – E nomeio-o
amigo dos elfos e abençoado. Que sua sombra nunca diminua (caso contrário,
roubar ficaria fácil demais)! Adeus!
[...]
A
venda começaria às dez horas em ponto. Era quase hora do almoço, e a maioria
das coisas já fora vendida por vários preços, que variavam de quase nada a pouquíssima
coisa (como é comum acontecer em leilões). Os primos de Bilbo, os
Sacola-Bolseiros, estavam, na verdade, ocupados medindo os cômodos da sua casa
para ver se sua mobília caberia.
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