30 de maio de 2011

Miguel e os livros

Na manhã seguinte, novamente Isabel despertava do pesadelo, aquilo já era normal para a garota, que agora não mais ficava abalada.
Seguindo a mesma rotina, caminhou até o ponto de ônibus, onde começou uma conversa com Miguel, combinando um trabalho para depois da aula:

-Mas, na sua casa né Isabel? -Miguel, com algum segundo interesse dizia- Lá sempre tem almoço.

-Pode ser, já lhe entrego os livros que tu taaanto quer. Não que eu goste, mas depois me diz se achou algo interessante lá.

-Isabel, Isabel... tá começando a levar a mitologia a sério!

Isabel negava rapidamente a afirmação do amigo:

-Claro que não, mas... eu estava pensando: eu considerava meu irmão tão inteligente, adorava passar horas conversando com ele, sempre tinhamos boas conversas... então acho que, se ele gostava de mitologia, não deveria ser tão ruim assim. Se bem que f...

-Se bem que o que, isabel?

-Se bem que foi a mitologia que distanciou meu irmão de mim.

-Porque diz isso?

-Áh Miguel, eramos tão unidos, conversavamos, brincavamos... passavamos praticamente o dia todo juntos.

-E o que houve?



-Ele foi se afastando aos poucos, até chegar num ponto que eu quase não o via. Ele só tinha tempo para essa droga de mitologia.


Após o almoço e o término do trabalho, Miguel e os livros de Gabriel foram para casa.

O rapaz, ansioso, só pensava em começar a ler.


Foleando o livro, o garoto achou algo interessante:
"[...]E a caixa, que era uma herança, sumiu misteriosamente.
Passou um longo tempo até que noticias surgissem: ela havia sido recuperada por Hécate, que a vigiou, protegeu e no momento certo, repassou... O que aconteceu depois continua sendo um mistério. Diz-se que foi dada ao mundo por Cérbero e Hipérion, irmãos opostos e bisnetos de Hécate e Júpiter[...]."

A leitura foi interrompida por um barulho, a porta do quarto de Miguel estava sendo aberta. Mas o rapaz não parecia se importar, continuou lendo:

"[...]A caixa guardava o principio do Mal e do Bem, da Noite e do Dia. Enquanto ela estava no templo, o mundo estava em harmonia, como num repouso. Quando a caixa foi tomada pelas mãos erradas, o mundo despertou! Escuridão... era tudo o que havia. Até que Hécate, após muito tempo de tentativas, conseguiu recuperá-la e restaurar o equilibrio[...]".


Uma pancada marcava o encontro da porta com a parede do quarto, Miguel nem percebeu, apenas se sentia observado por alguém, mas, aquilo não o atrapalhava, continuou:

"[...]A caixa, entregue aos bisnetos de Hécate e Júpiter, supostamente detinha "Todo o Poder", o que gerou divergencias entre os irmãos. Decidido ficou que ela seria solta do topo da montanha Kilimanjaro e quem a encontrasse, teria o poder sobre a mesma[...]".


Outra pancada, agora como se uma mão tentasse chamar a atenção do garoto, foi ouvida.

Miguel, porém, não tirava a atenção do livro:

"[...]Reza a lenda que a caixa havia sido vista nas Américas, no século passado. Mas teria se perdido novamente após Júpiter tentar possuí-la. Diz-se também que, se aberta por um mortal, o mesmo pode ser preso em seu interior e libertado apenas quando a caixa for rompida, liberando junto a escuridão ou a luz[...]".


Agora era inevitável, algo chamara a atenção de Miguel...

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