Aquela tarde ficou esperando por Haziel, mas este não apareceu. O inverno já estava chegando e os dias se tornavam mais frios e curtos. A semana passou muito rápido, e Júlio não tinha nenhum sinal de Haziel, seu amigo imaginário.
Concentrou-se, concentrou-se, porém ele não aparecia. "Ah! Mas quando ele aparecer, vou ter uma conversa séria com ele", pensava o garoto.
Talvez o que Haziel havia dito fosse verdade. Julio quase não tinha amigos, não que não conseguisse se relacionar, mas não tinha oportunidade de ter um amigo que pudesse brincar com ele em sua casa.
Algum tempo depois, quando o inverno já havia começado e que o frio era inconstante. Sim, no mundo atual, hoje chove e amanhã faz sol. Então, em um dia de inverno, quando Júlio estava deitado em seu quarto, ouviu a voz do seu amigo imaginário, Haziel.
- Sentiu minha falta?
- Você só pode estar brincando. - disse Júlio.
- Sentiu minha falta. - disse Haziel.
- Definitivamente, você possui vida independente à minha vontade. - disse Júlio, enquanto admirava o teto, e ele notava que este precisava de uma pintura nova.
- Pode ser que sim. - respondeu o outro.
- Onde esteve? - perguntou o menino.
- Estive muito ocupado, coisas horríveis vão acontecer, e você deverá estar preparado? - disse Haziel em tom misterioso.
- Logo, Júlio, logo saberá.
Diante dos olhos do menino, o amigo imaginário desapareceu. Júlio notara que, desta vez, seu amigo parecia cansado, enfraquecido. Mas, o que poderia estar acontecendo? Sentiu a curiosidade bater forte no peito.
Os dias passaram, ele pensou em contar para os pais o que estava acontecendo, mas, sensatamente, temeu ser mal interpretado. A última coisa que ele queria era uma passagem só de ida para um hospício. Lugar onde muitos que entraram lúcidos, saíram loucos, ou melhor, não saíram, ficaram por lá, ainda assim, loucos.
Mais alguns dias foram se passando e Haziel voltou. Dessa vez, ele estava muito fraco, parecia que estava em uma guerra.
- O que está acontecendo, Haziel? - perguntou Júlio, quando seu amigo apareceu caído no chão do seu quarto.
- Há um desiquilíbrio, só o portador do livro consiguirá restaurá-lo? - disse Haziel, com uma voz muito fraca.
- E quem está com esse livro? - perguntou o menino.
- Por enquanto ninguém, o livro está perdido. - respondeu o outro. - preciso que você fique com algo.
- O que é isso? - perguntou Júlio.
- É uma chave, a mais importante chave que existe em todo o universo. - sussurou Haziel. Agora ele chegava mais perto de Júlio. - vou lhe contar um segredo.
Júlio correu até a porta do quarto, olhou para fora do local. Não havia nenhuma luz ligada lá fora. Talvez esse fosse o melhor momento para os segredos.
[continua...]
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