17 de maio de 2011

A caixa de Hécate



Miguel parecia querer envolver completamente Isabel naquela história, seu tom de voz dava um ar sobrenatural aos "fatos" narrados. Foi nesse clima de tensão, escuridão e mistério que o garoto prosseguiu:
-Como eu estava falando, tudo começou naquela sexta-feira,13... na verdade, tudo começou bem antes, mas foi naquela sexta-feira 13 que tudo foi revelado.
Havia dois irmãos: Cérbero [sim, aquele dos 12 trabalhos de Hércules; bem... não exatamente ele] e Hipérion. Até então sabia-se que os dois irmãos eram completamente diferentes, mas não ao ponto de representarem [respectivamente] o Mal e o Bem.
Mas, o que eu fico me perguntando é porque aqui, o mundo é tão grande... porque aqui? - Foi o que Miguel disse em tom quase imperceptível, tanto é que a reação de Isabel foi apenas um: Anh?
Nada, nada - a voz dele agora era alta, firme- continuando...
Os irmãos viviam pacificamente, até receberem uma "herança" de seu bisavô. A caixa de Hécate, [que em egípcio significa "Todo o Poder", e isso fará sentido Isabel, pode acreditar].
Nessa caixa diziam haver a nítida separação entre o Bem e o Mal. Dizia-se também até então não haver essa distinção tão clara entre o Dia e a Noite e tampouco era permitida a escuridão durante o dia. Tudo era tranquilamente controlado por Júpiter, o deus do dia; que mantinha o segredo da escuridão muito bem guardado em uma pequena caixa, a qual nada e nem ninguém tinha conhecimento. Júpiter era quem controlava a passagem do tempo.
Até que Hécate, seu irmão, toma conhecimento da caixa e tenta roubá-la.
A antiga lenda de que quando a criança nascia a escolha do nome influenciava em sua vida, mais uma vez era confirmada. Hécate, como eu já disse, Isabel, significa "Todo o Poder" e era isso que ele desejava. Após anos empenhado em roubar a caixa de Júpiter, Hécate tem êxito: rouba a caixa, prende seu irmão em uma cela e o encapuza com um pano branco. Júpiter sem poder recuperar a caixa, perde completamente o controle entre o Dia e a Noite. Reza a lenda que o mesmo ainda vaga por ai, a procura da [agora] Caixa de Hécate. Hécate, por sua vez, é o tal bisavô de Cérbero e Hipérion. Essa caixa provocou ainda mais o conflito entre os irmãos, ao tomar conhecimento da lenda, Cérbero desejava abri-la para verificar a veracidade do que lhe foi contado. Já Hipérion sabia que se isso ocorresse, o mundo entraria em desequilibrio e, preferia escondê-la, para evitar o fim. O acordo feito pelos irmãos era de lançar a caixa ao mundo e quem a reencontra-se primeiro teria pleno poder sobre ela. E assim foi feito, naquela sexta-feira, 13, sobre o topo da montanha Kilimanjaro [só para sua localização, minha cara, fica na África Oriental] lançaram a caixa contra uma forte ventania. Desde então, diz-se a caixa perdida no universo. Não sei se ficou bem claro, Isabel, mas esse teu comentário sobre a escuridão repentina me fez recordar dessa estória; isso não era permitido acontecer quando a caixa estava em poder de Júpiter.
-Ai que bobeira, Miguel. - Isabel ria - Até parece que algo assim é possível. Agora que existe a ciência, essa escuridão no meio da manhã é fácilmente explicada.
Miguel tentava argumentar, em vão:
-Não Isabel, eu tenho meus motivos para acreditar nessa história. Se eu fosse você, pesquisaria sobre, é algo que deveria te interessar. - a ultima frase era impossível de escutar - Tem a ver com você.

Após do sinal, o rapaz do capuz branco era apresentado à turma.

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