27 de maio de 2011

A morte de Gabriel

-Se é que ela ocorreu - iniciava Isabel -Foi de um jeito estranho, sabe, Miguel?
Miguel apenas concordava
-Então, só eu o vi morto. Quando estava passando pela rua que sempre ando para pegar o ônibus, ouvi um barulho, algo caindo, quando olhei percebi que era uma pessoa, vi que não tinha ninguém perto e fui ver o que ocorrera. Quando cheguei e reconheci Gabriel fiquei desesperada. Miguel, o meu irmão parecia um anjo, estava com uma aparência tranquila, sorrindo. Fiquei alguns minutos olhando para o corpo dele, caido, no chão frio, enquanto tentava entender o que havia acontecido. Depois eu corri para casa e chamei meus pais. Quando chegamos o corpo havia sumido, restava apenas uns livros que eu acho que estavam com Gabriel na hora de sua morte.
Miguel olhava curiosamente para a amiga:
-Mas Isabel, a policia não investigou a morte dele?
Isabel tentava disfarçar o abalo que a lembrança lhe causara:
-Ora Miguel, a policia foi chamada, mas você acha que eles iriam acreditar em mim, uma criança? Não tinha corpo, não tinha marcas de assassinato ou suicídio, não tinha nada. Nem meus pais acreditaram, eles apenas pegaram os livros que ainda estavam no chão e me levaram para casa. Só começaram a ver que era verdade depois de 3 dias sem noticias de meu irmão.
-Nossa, e quando foi isso Isabel?
-Faz uns 9 anos, foi alguns meses antes de te conhecer. Mas é algo que eu nunca esquecerei.
Os livros nós ficamos com dó de jogar fora, entende né? Como se fosse uma recordação dele, uma ultima lembrança.
-Claro que entendo, e que bom que não se desfizeram deles.
-É, você gostou né, vai poder pegá-los emprestados para... para que mesmo tu os quer, Miguel?
Miguel ficou quieto por um instante, depois falou sem gaguejar:
-Para umas pesquisas, na verdade é só curiosidade mesmo. Mas Isabel, onde encontrou o corpo?
-Então, na rua que eu vou para o ponto, lá onde hoje tem uma, uma... o que mesmo tem lá hoje...? Áh sim, lá onde abriu aquela Loja de Móveis Usados.

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