16 de maio de 2011

Capítulo Paralelo VI

[RECAPITULAÇÃO] Júlio, um menino de 10 anos, recebeu a visita de um amigo, em um dia comum no pátio de casa. A partir daí, eles tiveram várias conversas. Júlio sofreu um impacto, pois percebeu que este amigo só era real para ele e que nenhuma outra pessoa poderia o ver e ouvir [isso foi o que o próprio amigo lhe disse]. Esse amigo se chama Haziel, um nome muito sugestivo. Haziel, ao que parece, está vivendo um período difícil, pois ficou um período afastado de Júlio. No reencontro, Haziel faz, a Júlio, um alerta e pretende, então, revelar um segredo.

"Eu caminhei por uma rua escura a procura de alguém"

Julio voltou-se para Haziel, com olhos atentos e curiosos a espera de saber o que estava acontecendo exatamente. Ansioso para saber qual segredo seria aquele, que seu amigo estava prestes a lhe contar.
- Julio, tudo caminha para o mesmo fim. O que vivemos aqui, nada mais é do que uma história paralela a tantas outras, ou melhor, este é um capítulo de sua história, da minha história, um capítulo paralelo a muitos outros capítulos.
O garoto, caminhou para o canto do quarto. Haziel agora estava sentado com a mão na barriga, em uma poltrona ao lado da cama. Júlio tinha pego uma foto, nela havia seus primos, os irmãos João e Joaquim, as primas mais velhas, Lucia e Cecília, e os amigos que, até algum tempo atrás, faziam parte quase de que de sua vida cotidiana.
- Todas a histórias estão ligadas, desde o momento em que nos falamos pela primeira vez, a nossa história mudou, se não tivessemos nos conhecido, nossas histórias seriam totalmente diferentes hoje. - disse Haziel com a mão na barriga, parecia sentir fortes dores abdominais.
Julio continuava admirando a foto com um olhar fraterno, parecia sertir saudade.
- E todas essas histórias têm um fim. Acredito que caminham para o mesmo fim. - concluiu o amigo.
- Que fim é este? - perguntou Julio, agora deixando a foto em cima da cômoda e sentando-se na cama.
- Não vamos falar disso agora. - respondeu Haziel, secamente. - O que eu quero lhe contar é que a chave, que eu quero que guarde, é uma peça fundamental a ser usada, quando o fim chegar. Além disso, eu não sou simplemente um amigo imaginário, eu sou um anjo.
Julio pareceu não ter recebido essa informação, talvez não tenha entendido, ouvido ou, até mesmo, não se manifestou pois já suspeitava.
- Você é meu anjo da guarda? - perguntou Julio.
- Um grande anjo amigo. - respondeu Haziel. - Nós zelamos por todos.
- Mas, não falam com todos. - disse o menino.
- Não, você é o terceiro com que eu falo. - disse o anjo olhando para os dedos, como se estivesse contando. - O primeiro foi há muito tempo, quando um grupo de soldados do Império Romano, entrou em um vilarejo, tomando-o. Falei com um menino, que estava prestes a perder a família. Disse para ele ter fé. Que o que até então era posto em dúvida, era real, e que, futuramente, os inimigos admitiriam. O segundo, humm! Este era da Angola. Grande homem, ele estava prestes a deixar sua terra. Ambos não sabiam o que eu realmente era.
- E por que eu? - perguntou o garoto.
- Não é uma escolha aleatória. Nem ao menos é uma escolha. Simplesmente você. - respondeu o outro.
- O que você andou fazendo? - perguntou Julio, mudando o assunto drasticamente.
- Eu caminhei por uma rua escura a procura de alguém. - disse o anjo, olhando para o chão. A dor na barriga não parecia estar incomodando mais.
- E... Encontrou? - perguntou o garoto com uma cara em que a curiosidade estava explícita. Prosseguiu. - Quem era?
- O homem cuja esta história paralela está mais ligada à sua história. - Nesse momento, o anjo olhou para Julio e disse. - Encontrei. Porém, não senti a necessidade de falar com ele.
- Ah! Que pena! - exclamou o menino, que parecia decepcionado com a resposta.
- Ele sentiu a minha presença. - ao terminar, Haziel levantou-se e seguiu em direção à janela. - Preciso ir.
- Por que desaparecer aí, se você não vai utilizar a janela? - perguntou o garoto.
- Você é bastante crítico com as suas perguntas, chega a ser chato. O que não quer dizer que não seja bom. - virou-se e olhou para o que estava além da janela. O pátio estava molhado por causa do orvalho. - Vamos manter os "bons" costumes. - terminou o anjo, fazendo sinal de aspas com os dedos indicador e médio de cada mão, quando disse "bons".
A Julio, pareceu uma cena engraçada.
Antes de desaparecer, Haziel deu uma piscada para Julio. Depois dessa noite, demorou muito tempo até o novo reencontro dos dois. Para Julio, o que restou foi uma chave dourada e pesada, "uma peça fundamental a ser usada, quando o fim chegar". Estaria este fim, distante? Como este garoto era bom para fazer perguntas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário