14 de março de 2011

Capítulo Paralelo III

Quando a porta do quarto fechou, Júlio levantou e foi até a janela, quando olhou para sua cama, Haziel estava deitado nela. Deu um pulo, assustado e disse:
- O que é você? Você é fruto da minha imaginação, certo?
- Pode ser que sim. - respondeu Haziel.
- O que você realmente quer de mim?
- Bom, primeiramente, você acaba de afirmar que eu sou fruto da sua imaginação, seguida é claro de uma pergunta que indica dúvida a essa afirmação. Mas caso a tua afirmação seja real, e eu seja fruto da tua imaginação, a pergunta feita por você, deveria ser respondida por você mesmo.
- Humm.
- Eu seria então uma imagem produzida por sua mente, com o objetivo talvez de suprir a tua carência afetiva, afinal, quantos amigos você tem, Julio?
Essa pergunta provocou um efeito reflexivo muito forte em Júlio, era óbvio que essa não era a intenção de Haziel, pois sua face era realmente de curiosidade, embora sua expressão também aparentasse conhecimento da resposta.
- Quer dizer então, que você é um amigo imaginário? - perguntou Júlio - nesse momento ele caminhou para sua cama, e ao se aproximar, Haziel apareceu exatamente onde ele estava, próximo à janela.
- Isso, eu sou teu amigo, Júlio, e só você pode me ver, ouvir.
- Se só eu posso te ver, então por que saiu daqui quando papai veio até aqui?
- Já ia me esquecendo, teu pai é uma pessoa maravilhosa, reza todas as noites por vocês. - olhando para fora, o jardim todo molhado parecia fantástico dali. Não queria causar confusão para você.
- Ainda tem algo que eu não entendi. Se você é fruto da minha imaginação, por que quando eu quero que você desapareça, isso não acontece?
- Você quer que eu desapareça?! - perguntou o amigo imaginário, surpreso. Vai ver você não está se concentrando direito.
- Eu não me concentro nenhum pouco para fazer você surgir, e você está aí...
- Você é bom Júlio, inteligente. - virando-se para a janela novamente, continuou. Eu vou para casa, mesmo com essa chuva, já vi que não sou bem vindo aqui.
- Não, não é isso, só fiquei curioso.
- Da curiosidade, a desobediência; da desobediência, a morte. Não se preocupe, você não precisa se concentrar para que eu torne a aparecer.
O quarto foi preenchido por um silêncio misterioso. Júlio que estava perto da cama, deitou-se, fechou os olhos e pensou no que havia acontecido. Sonhou com um jardim, um jardim que tinha no centro uma macieira.

[continua...]

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