19 de novembro de 2011

Uma Viagem de Natal no Sul do Brasil

"O Papai Noel segurou as rédeas de suas renas e as chacoalhou, o trenó começou a ganhar velociadade e a subir".
Já era noite quando o senhor estava preparando tudo para sair. Olhou em sua lista, checou as crianças que seriam agraciadas naquela noite e traçou a rota. Já havia decidido: o primeiro continente a passar era a África, depois iria para o continente Americano, começando pelo sul. Depois o resto do mundo.
Enquanto fazia uma revisão em seu veículo e verificava se todos os detalhes para a viagem estavam prontos, não viu a hora passar. Nesse instante faltava menos de uma hora para a meia-noite e, por isso, chamou alguns de seus ajudantes para ingressar na viagem.
Um anãozinho atravessou o corredor puxando um saco vermelho maior que ele. O velho homem deu uma risada grave e falha, não acreditava que quase partira sem o principal: os presentes.
O Papai Noel segurou as rédeas de suas renas e as chacoalhou, o trenó começou a ganhar velociadade e a subir.
Certa vez, contei essa história ao meu sobrinho, ele me disse que Papai Noel não existia porque nunca vira um na noite de Natal. Então, eu perguntei a ele:
- A sua casa tem chaminé?
- Não. - ele me respondeu.
- Seus pais deixam as janelas abertas? - tornei a perguntar.
- Não. - ele disse.
- Então não há como você ver o Papai Noel, não é mesmo?
Ele ficou mergulhado em seus pensamentos e eu sabia que havia progredido.
Conforme planejado, passou por toda a África. Ficou triste, como sempre ficava, ao passar pelas casas das pessoas mais pobres. Tristeza que o envadia também ao passar pelos outros continentes. Afinal, também há miseráveis em outros lugares do mundo.
Ao chegar a América, o primeiro país a ser visitado foi o meu: Brasil.
Foi chegando aqui que seus problemas começaram a aparecer. Quando estava no Rio Grande do Sul, ao norte do estado, que fica no extremo sul do país, viu que acabou o combustível das suas Renas, passou no mercado e comprou uvas para que elas ficassem saciadas.
Depois disso seguiu viagem. Chegando em Santa Catarina, a oeste, passando por São Miguel do Oeste, um anãozinho caiu do trenó. O bom velhinho estacionou seu veículo no jardim e, então, o anãozinho, que se chamava Rui, subiu... continuaram, assim, a viagem. Seguindo em direção ao leste do estado, o Papai Noel teve de parar para trocar o pneu do trenó, pois ele tinha furado.
- Mas trenó não tem rodas, ele voa - disse o meu sobrinho, quando contei a história.
- Avião também voa e tem rodas - contrapus.
Ele ficou pensando a respeito do que eu disse.
Para que fosse possível a troca de pneus, Papai Noel passou na borracharia a beira da rodovia que estava aberta. Pensei "eita Papai Noel, nem para ter um estepe".
Depois de cumprir com as entregas no estado, o velho senhor partiu para o estado vizinho: Paraná. Começou as suas entregas do leste do estado e quando estava passando pela capital Curitiba aconteceu algo que o atrasou bastante. Papai Noel vinha pela Nuvem Nove descendo a um telhado de uma casa quando colidiu com uma árvore. Foi muito complicado, o siate foi chamado e a polícia também. Fizeram um exame rápido no homem e chegaram a conclusão de que ele estava bem e, então, liberaram-no. A polícia, no entanto, não dispensou o bom velhinho tão depressa e ele, é claro, não escapou do teste do bafômetro que deu negativo. Após a confusão, ele seguiu viagem para o oeste do estado e quando chegou em Foz do Iguaçu, fronteira com Paraguai e Argentina, cidade das Cataratas, uma das novas Sete Maravilhas da Natureza, foi parado pela Receita Federal, que queria saber a origem dos brinquedos e por pouco não apreendeu o saco do senhor, que após cadastrar a mercadoria, foi liberado para fazer as entregas.
Foi então, que ele me deixou em casa e o resto da viagem não pude acompanhar. O que com certeza aconteceu depois de tudo isso foram aventuras atrás de aventuras.
- Tio, você estava no trenó? - perguntou o menino.
- Estive e, por isso, eu acredito no Papai Noel. Trabalhamos juntos, no natal de 1986, quando tinha oito anos. - respondi com muito orgulho.
- Nooossa! Mãe, o tio me contou.... - disse o menino correndo até a sua mãe e por isso não era perceptível tudo o que ele falou.
Sem dúvida nenhuma, a viagem mais incrível de toda a minha vida.

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