24 de janeiro de 2012

Os Miseráveis

"Aliás, não existem pequenos ou grandes nessa obra monumental. Todos são grandes, mesmo quando aparecem episodicamente em suas páginas". Júlio Emílio Braz
Os Miseráveis é um clássico da literatura universal. Um romance francês que a história se passa no século XIX e armazena fatos ocorridos durante as primeiras três décadas desse século. Esse texto tem como base a versão adaptada por Júlio Emílio Braz.
O personagem principal é Jean Valjean, um homem que foi condenado a passar 19 anos na prisão por ter roubado um pão para alimentar seus sobrinhos. Após essa passagem pela cadeia, ele é solto e novamente pode usufruir da liberdade. No entanto, ele tem dificuldades em conseguir um lugar para passar a sua primeira noite como homem que não tem mais dívidas com a sociedade, sofrendo preconceito e desconfiança.
A única exceção é o bispo, Monsenhor Bienvenu, que o recebe de braços abertos. No encontro, Valjean mostra a sua carta de apresentação, documento que, por ser um ex-presidiário, é obrigado a mostrar em qualquer lugar que vá, mas o senhor nem lhe dá atenção. O religioso coloca à mesa, talheres e castiçais de prata. Eles jantam e se recolhem.
A cobiça, então, toma a mente de Jean Valjean, corrompido por passar 19 anos na cadeia. Ele se levanta, rouba os talheres de prata e sai. Mais tarde, policiais o pegam e perguntam de quem ele havia roubado os talheres de prata. Ele responde dizendo que não roubou de ninguém e que o bispo teria lhe dado. Os policiais o levam para a casa do velho homem que confirma a história e acrescenta "... Tudo foi um lamentável engando. Quer dizer, foi até bom que tal tenha ocorrido, pois me permite concluir a minha doação (...) Tome, pegue os castiçais.
Antes que Valjean vá embora, o padre lhe lembra da promessa que fez. Confuso, pois não havia feito promessa alguma, o bandido escuta o padre lhe dizer que deveria ser uma pessoa boa e que essa era a promessa.
O livro é muito bem concatenado, ou seja, bem amarrado, coeso. Ele retrata a história e os conflitos sociais que diversos personagens passam. Um desses personagens é Fantine. Uma moça que é seduzida por um namorado e abandonada grávida. No caminho de volta para a sua cidade natal, teme as represálias que receberá e, principalmente, teme por sua filha. Por isso, ela decide deixar sua filha, Cossete, aos cuidados de uma família de vigaristas que vão tratar a menina como uma empregada e ainda extorquir sua mãe. Fantine perde o emprego e se vê tomar medidas chocantes, como, vender os dentes da frente para mandar dinheiro para os Thénardier não jogarem sua filha na rua.
Madeleine, um rico empresário e prefeito da cidade, compromete-se em ajudar Fantine que, em consequência de algumas revelações, morre. Esse homem, Madeleine, é Jean Valjean, que mudou de identidade e se tornara bem sucedido nessa cidade. No entanto, ele não contava com a destreza de Javert, um homem subordinado da lei a qual confia cegamente. A verdadeira identidade de Madeleine é revelada, Fantine morre e Valjean é preso. Depois de salvar um homem enquanto estava preso, o presidiário simula sua própria morte.
Em seguida, ele vai em busca de Cossete. E a compra, por 1.500 francos. Depois de algum tempo, Javert percebe que Valjean não foi morto. Numa fuga, o presidário encontra um velho amigo, Fauchelevent, e por anos ele se passará como irmão de Fauchelevent e responderá por esse nome. Cossete passará a atender pelo nome de Ursula Fauchelevent.
Logo, eles se mudam para Paris. Lá, Ursula conhece Marius por quem se apaixona. Fauchelevent sente ciúmes dele mas o acaba ajudando. Marius tem ligação com os Revolucionários que clamam pela República e gritam aos quatro ventos "Liberdade, Igualdade e Fraternidade!".
Fauchelevent ou Madeleine ou, ainda, Jean Valjean continua a fazer o bem. E visita juntamente com Ursula ou Cossete uma família de pobres, os Thénardier. O pai, chefe dessa instituição social, planeja um ataque a Fauchelevent em sua próxima visita. Marius, vizinho dos vigaristas, avisa a polícia, mais especificamente a Javert que aparece no dia do crime, mas Valjean foge antes de ele chegar.
O romance entre Cossete e Marius se aflora e eles se correspondem. Fauchelevent, que não possui paz, pois vive desconfiado de que Javert esteja em sua cola e por momentos acredita que Marius seja um espião, decide se mudar após apanhar um bilhete, em sua casa, nele estava escrito "Mude-se". Seria um alerta ou uma ameaça?
A batalha estoura nas ruas e, então, Marius escreve uma carta para Cossete, dizendo que provavelmente morrerá. Jean Valjean a lê e, então, vai ao encontro do rapaz. Os amigos da associação prenderam um espião entre eles. Esse espião é Javert. Valjean se candidata a matar o espião e, fora do alcance da visão dos outros revolucionários, ele solta o inspetor que estupefato foge.
Marius é atingido e quase morto, sua vida é salva por Fauchelevent que o leva até a casa do avô do rapaz que o ajuda a se recuperar. Um tempo depois, ele recebe a visita de Cossete e Madeleine. O senhor Gillenormand, avô de Marius, é um nobre e pede, em nome do neto, a mão da "filha" de Fauchelevent em casamento.
Certo tempo depois do casamento, Valjean revela sua identidade para Marius, que aos poucos faz com que o relacionamento entre o casal e o homem se torne menor e mais difícil. Assim, Jean Valjean fica sozinho, deprimido, deixa de ser o homem grande e forte que era.
O final do romance é emocionante e é muito bem construído.
Victor Hugo, sem sombra de dúvidas, é um dos maiores escritores da literatura universal. Ele constrói um romance repleto de personagens que fazem uma forte crítica social da época e marca qualquer leitor.

O mundo não é justo e provavelmente jamais o será. Os seres humanos são imperfeitos. A constatação é triste, mas não invencível.
[...]
- Nunca se esqueça do que me prometeu, meu bom homem...
Valjean pestanejou intrigado.
- Prometi - repetiu, abobalhado.
Bienvenu sacudiu a cabeça e por trás de outro de seus sorrisos, insistiu:
- Não se esqueça de que me prometeu empregar o dinheiro para tornar-se um homem de bem.
[...]
Não, não. Não o odiava e muito menos o invejava. Era simplesmente incapaz de tais sentimentos. O mundo em que vivia e construíra para si desde os tempos em que, filho de uma cartomante com um homem preso, nascera e crescera numa prisão. Um mundo onde homens de bem e do mal dividiam o mesmo espaço de maneira tensa e forçada e em muitas ocasiões se confundiam uns com os outros. Um mundo onde definira sua personalidade, uma personalidade devotada ao cumprimento férreo e por vezes cego da lei.


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