29 de junho de 2013

Acadêmia Brasileira de Letras: Há algumas Pedras no Caminho.


Perto de completar 116 anos, fato que se comemora em 20 de julho, a Acadêmia Brasileira de Letras (ABL), sedeada na Cidade Maravilhosa, elege o sociólogo, professor e ex-presidente da republica, Fernando Henrique Cardoso, para suceder um membro, o jornalista João de Scantimburgo, que faleceu em março desse ano.

O fato, infelizmente, não gerou polêmicas. Digo infelizmente, pois esperava, assim como demais pessoas das Letras, que a ABL fosse ocupada por quem fizesse jus à cadeira.


Fundada em 1897, seguindo os moldes da Acadêmia Francesa, por escritores como Machado de Assis, Lúcio de Mendonça, Inglês de Souza, Olavo Bilac, Afonso Celso, Graça Aranha, Medeiros e Albuquerque, Joaquim Nabuco, Teixeira de Melo, Visconde de Tauanay e Rui Barbosa, é composta por 40 membros efetivos e perpétuos e por 20 sócios estrangeiros. Sua finalidade é cultivar o português brasileiro e sua literatura. Atualmente é presidida pela escritora Ana Maria Machado, ela que diz que "Só se chega por acaso, pois é impossível encontrar o caminho sem se perder".


A instituição surgiu em uma época onde as coisas não eram tão fáceis e práticas quanto agora. Suas reuniões preparatórias iniciaram em dezembro de 1896, sob a presidência do saudoso Machado de Assis e em janeiro de 1897 seu estatuto foi aprovado e seu quadro foi composto por 40 membros.

No início, ainda sem sede própria e sem recursos financeiros, as reuniões solenes aconteciam no antigo Ginásio Nacional, enquanto a sessões comuns eram feitas no escritório de advocacia de um dos membros, Rodrigo Octávio. Em 1904 a ABL ficava no Silogeu Brasileiro, junto a outras instituições culturais, onde ficou até conquistar sua sede própria.


Foi em 1923, graças a Afrânio Peixoto, presidente na época, e a Raymond Conty, então embaixador da França, foi doado pelo governo francês o prédio do Pavilhão Frances, que é uma réplica do Petit Trianon de Versalhes. A instalação foi tombada pelo INEPAC, Instituto Estadual do Patrimônio Cultural, em novembro de 1987. Nos salões da ABL ocorrem até hoje as atividades regulares, sessões solenes, de posse e o tradicional chá das quintas-feiras.

A localidade conta com alguns salões: Salão Nobre, onde ocorrem as sessões solenes; Salão Francês, onde, tradicionalmente, o novo membro permanece sozinho, para reflexão; Sala Francisco Alves; Sala dos Fundadores; Sala Machado de Assis; Sala dos Poetas Românticos e a Sala do Chá.

Fico me perguntando em que o senhor Fernando Henrique Cardoso ficou pensando no Salão Francês. Mas, quando você acha que não pode piorar, descobre a informação de que, atualmente, o membro mais antigo da ABL é José Sarney, eleito em 1980. Se você fosse uma acadêmica de Letras, que ama ler e escrever, que protesta por um Brasil decente, o que faria após descobrir Sarney e FHC na ABL??

Frustrado? Tem mais!

Há muitas críticas à ABL, dentre elas estão algumas pela Acadêmia não ter suas cadeiras ocupadas por nomes como: Lima Barreto, Monteiro Lobato, Carlos Drummond de Andrade, Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Junior, Graciliano Ramos, Cecília Meireles, Clarice Lispectos, Vinicius de Moraes, Erico Verissimo, Mario Quintana, Jorge de Lima e Geraldo Melo Mourão, esses dois últimos indicados para o Prêmio Nobel de Literatura, Antônio Cândido de Mello e Sousa, Autran Dourado, Rubem Fonseca, Ferreira Gullar e Dalton Trevisan, vencedores do Prêmio Camões. Enquanto foram imortalizados Getúlio Vargas, Sarney e FHC, já desprezados nessa postagem, além de um cirurgião plástico, o inventor Santos Dumont, o inventor da Rede Globo, Roberto Marinho, Assis Chateaubriand, Merval Pereira e Paulo Coelho.


Para mais informações, indico o site da ABL, com uma série de coisas interessantes e outra série de coisas revoltantes.

Um comentário:

  1. Bruna,

    não consigo dividir a Academia nessa polaridade toda. Acho que não está equivalente, rs... há muito mais para se revoltar. Alguns dos indicados a Academia já se recusaram a ocupar a cadeira, acredita? E se quer saber, acho que fizeram bem. Escritores bons, consagrados, estariam indo contra tudo aquilo que pregam e lutam se sentassem no mesmo salão que um José Sarney sentou, por exemplo.

    Pessoal de Letras sofre, rs... gostei do post.

    :)

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