27 de dezembro de 2012

Matrix e o Mito da Caverna






Há mais de 2 mil anos, o filósofo grego Platão criou a alegoria do Mito da Caverna para explicar a diferença entre o conhecimento fruto do senso comum e o  filosófico, em que, no primeiro, pode existir uma falsa realidade e, o segundo, permite-nos entender como essa falsa realidade nos é imposta.
O Mito da Caverna narra a estória de homens que nasceram e cresceram presos em correntes dentro de uma caverna, de costas para a entrada e impossibilitados de olhar para trás. No ambiente havia uma fogueira que projetava sombras na parede à frente dos habitantes, assim, eles acreditavam que aquelas sombras que viam era a realidade.
Fora dessa caverna, em “outra realidade” estão pessoas que andam e carregam objetos. Se algum dos prisioneiros da caverna fosse forçosamente levado à superfície, não aceitaria de imediato aquele cenário como o “real”, necessitando adquirir hábitos, para que, com o tempo conseguisse olhar os objetos tal como são, superando a visão de sua sombra ou reflexo na água. Se, posteriormente, esse prisioneiro voltasse à caverna e conseguisse expor o que lhe aconteceu, tentando levar os demais com ele até a superfície, não seria aceito.
Assim como no Mito da Caverna acontece uma exposição da “falsa realidade” e a libertação das sombras, a descoberta da luz, de outra realidade, no filme Matrix também é possível perceber essa ideia de prisão da mente, de desconhecimento, de deserto do real.
O filme é uma produção estadunidense e australiana, dirigido pelos irmãos L. e A. Wachowski em 1999 e lançado na Páscoa do mesmo ano, trata-se de uma trilogia de ação e ficção cientifica, tendo os títulos "Matrix", "Matrix Reloaded" e "Matrix Revolutions".
Como supracitado, no filme também é tratada a questão da falsa realidade, em que o “mundo real” é uma projeção da Matrix, assim como, as sombras, na alegoria de Platão, são representações da realidade.
Neo, personagem interpretado por Keanu Reeves, vivia no “mundo real”, com emprego, conhecia pessoas, tinha uma vida “normal”. Até que é convidado a conhecer a Matrix.
Mas, o que é Matrix? Morpheus a descreve como “Controle. A Matrix é um mundo dos sonhos gerado por computador, feito para nos controlar, para transformar o ser humano nisso aqui (uma pilha)”. A primeira reação de Neo é negar, não querer ou não conseguir ver os fatos, assim como o prisioneiro que é tirado a força da caverna e não consegue, no principio, olhar diretamente para os objetos, para a realidade.
Com o tempo e após ter certos hábitos, Neo aceita o fato de que a Matrix é a realidade e o “mundo, como era no final do século 20” é apenas um sonho, uma construção da própria Matrix.
         No Mito da Caverna também há essa descoberta de um novo cenário, considerado como a verdadeira realidade. Tomando as palavras de Platão e refazendo seu questionamento “Supõe que este homem retornasse à caverna e se sentasse em seu antigo lugar (...)” podemos concluir que a reação dos homens, que vivem na realidade dos sonhos, seria semelhante a descrita pelo filósofo “Não diriam eles que sua ascensão lhe causara a ruína da vista e que, portanto, não valeria a pena tentar subir até lá? E se alguém tentasse libertá-los e conduzi-los até o alto, não achas que eles pudessem pegá-lo e matá-lo, não o fariam?”
Em suma, o filme Matrix, em semelhança ao Mito da Caverna, mostra-nos um “despertar” para a realidade, para como estamos sendo manipulados, ambos mostram uma difícil aceitação do novo que é apresentado.


**Nota : Esse post tem base em um artigo acadêmico apresentado em uma disciplina do curso de Letras da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Sua autoria se deve a Bruna Pradella, Eliane Andrade, Josefina Nagata e Vanessa.

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