2 de agosto de 2012

País do Futuro

Olhei no relógio, 5h49. "Ainda tenho alguns minutos de sono".
Tudo caminhava para um dia comum, até que algo me prendeu a atenção, era a conversa de duas senhoras de branco, discutindo o futuro do país.
"O Brasil tem jeito sim, nossos jovens são nosso futuro". "Absurdo, entregar o futuro de uma nação nas mãos de crianças, eles só pensam neles mesmos". "Não é bem assim, quando forem adultos... tudo será diferente". "Claro!". Discutiam as senhoras.
Chegando na faculdade, encontrei suas portas  fechadas, a Greve tão falada enfim chegou. Na entrada havia muitos jovens indignados, gritando, professores boquiabertos e a imprensa.
"Moça", aproximava-se um reporter de uma pequena emissora local. "Como você se sente ao chegar para estudar e encontrar essa lamentável situação? Você, como o futuro do país, está indignada?"
Futuro do país, que futuro do país que nada, pensei.
"Eu não sou o futuro do país, pois estudo e, devido a mim e a milhões de jovens como eu, milhares de professores tem emprego. Eu não sou o futuro do país, pois trabalho e, graças a mim e a dezenas de professores como eu, centenas de crianças tem uma opção digna para o contraturno escolar, algo além de ficar nas ruas. Eu não sou o futuro do país, pois pago impostos, cada vez que compro uma garrafa de água estou ajudando a economia brasileira. Eu não sou o futuro do país. Sou o presente".






A expressão "País do Futuro" surgiu em 1940 (pois é, somos o país do futuro há mais de 7 décadas), com o judeu Stefan Zweig, que veio para o Brasil, mais especificamente Petrópolis, fugindo do nazismo. A estadia de Zweig no Brasil deixou-nos uma "recordação", a publicação do livro "Brasil, País do Futuro".


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