Desde pequeno eu fui um otário, obediente a todas as regras. Tinha medo das coisas que poderiam atrapalhar as outras pessoas. Tinha medo de não fazer o certo. Essa é a questão central. O que é o "certo"? O "certo" é um conceito maleável que está a favor daquele que o define, ou seja, a definição do "certo" depende do ponto de vista de quem o pratica.
Fui crescendo. Ao longo dos anos me esforcei para praticar o que eu pensava ser o certo e as recompensas que recebi não foram boas. Eu percebi que a definição, o conceito de "bom" e "ruim" parte da mesma perspectiva de "certo" e "errado".
As coisas não mudaram e eu segui crescendo.
Notei que a cultura do meu país não é algo admirável, não que eu tenha uma concepção erudita de cultura e que pense que há culturas melhores que outras, apenas não admiro a cultura do meu país. Não admiro porque nele há corrupção; há injustiças: assassinos, ladrões e estupradores vivem nas ruas; professores são ameçados, ganham pouco, se estressam muito; e as pessoas, os cidadãos não fazem nada. Não há o que admirar. Talvez, eu deva rir e gritar para os outros: a seleção do futebol é penta campeã, um atacante ganha 3 milhões enquanto um policial ganha 1.500 reais. O que dizer? Alguns da polícia também são corruptos.



