Yasuyoshi Chiba - 24 set 2012/AFP - Fonte: Folha de S. Paulo |
A
pesquisa do mestrado que realizo há um pouco mais de um ano envolve
significações culturais. Por isso, toda vez que eu me deparo com um tema
parecido na internet, corro aqui para o blog para despejar algumas palavras que
cumprem o objetivo de enriquecer a discussão e fomentar o debate.
O
estereótipo, grosso modo, nada mais é do que uma construção identitária
utilizada para armazenar um conjunto de características que correspondem a
determinado grupo: os negros são assim, os índios assado.
Se
pensarmos nos casos dos brasileiros, há o estereótipo cristalizado de que somos
aqueles que nasceram no país do futebol e do carnaval. As mulheres, que aqui
vivem são mulatas, possuem enormes bumbuns. Temos uma quedinha pela gambiarra,
o nosso jeitinho brasileiro de dar jeito nas coisas e a nossa comida preferida
é extremamente apimentada.
Evidentemente,
nem todos nos enquadramos na descrição dita acima, mas um aspecto importantíssimo
que eu tenho que trazer sobre o estereótipo é que ele geralmente não é formado
por nós. O estereótipo é construído pelo outro.
Em
outras palavras, cada país tem o brasileiro que merece. Para alguns. É bem
verdade que anteriormente relacionei a ideia de estereótipo com identidade,
colocando-o como uma forma engessada e fixa de identidade. Certo? Pois bem, a
minha identidade só é definida na relação com o outro.
Em
síntese, faço isso para introduzir um artigo da Folha de S. Paulo, ao qual você
pode conferir clicando aqui, que elenca as pesquisas referentes ao Brasil realizadas
em Portugal, E.U.A., Argentina, Venezuela, França e Iraque, evidenciando, assim
qual a visão que eles têm de nós.
Em
Portugal, as pesquisas mais recorrentes “Quem descobriu o Brasil?”, “Quem
colonizou o Brasil?”. Além destas, temos “Como procurar um emprego no Brasil?”
e “Como abrir uma empresa no Brasil”.
Nos
Estados Unidos da América, há algumas perguntas referentes a “brazil butt lift”
(cirurgia para aumentar as nádegas, tradução livre), no entanto, gostaria de
chamar a atenção para as pesquisas do tipo “onde fica o Brasil?”, “em que país
fica o Brasil?”, “que língua é falada no Brasil?” e “estátua no Brasil”.
Enfim,
as demais pesquisas você confere clicando no link da postagem da Folha de S.
Paulo, que ficou ali para cima, mas caso você estiver com preguiça de voltar no
texto, você pode clicar aqui.
No
momento, vou me restringir a ficar só com as pesquisas desses dois países. O
que nós podemos observar é que, para os E.U.A., somos referência em bumbuns
grandes. Em Portugal, somos vistos como um possível mercado de investimento. O
que poderia fugir um pouco do estereótipo ao qual estamos acostumados a ser
relacionados.
Se
essas pesquisas podem evidenciar como nós somos vistos pelos estrangeiros, a
recíproca é verdadeira. Pois é, meus amigos, “quem colonizou o Brasil?”. Eu
torço para que essa pesquisa seja realizada por muitas crianças que estejam
frequentando o equivalente ao nosso Ensino Fundamental I, em Portugal, pois
seria um total descaso não só com a história do nosso país, mas com do país
deles. No entanto, a pesquisa sobre o mercado brasileiro me leva a pensar que o
português é empreendedor e que a nossa economia esteja melhor do que a deles.
Em
relação aos norte-americanos, além do fato de que eles guardam grande admiração
pelos bumbuns brasileiros, imagino que há certa ignorância (no sentido de falta
de conhecimento) em pessoas que perguntam em que país fica o Brasil. Acrescento
que sinto uma pontinha de arrogância e prepotência nos estadunidenses que conhecem
o “Cristo Redentor” por “estátua no Brasil”.
Em
suma, eu não defendo o estereótipo, pois se trata de uma representação ilusória
de determinados grupos. Conforme já afirmado anteriormente, as nossas
identidades se constroem nas relações que estabelecemos com os outros. O que
podemos observar é que mesmos esses estereótipos podem variar a partir de quem
olha. E a certeza é que se trata de uma via de mão dupla. Como eu te vejo e
como você me vê.
Nenhum comentário:
Postar um comentário