16 de junho de 2015

Estereótipo: Como eu te vejo? Como você me vê?

Yasuyoshi Chiba - 24 set 2012/AFP - Fonte: Folha de S. Paulo

A pesquisa do mestrado que realizo há um pouco mais de um ano envolve significações culturais. Por isso, toda vez que eu me deparo com um tema parecido na internet, corro aqui para o blog para despejar algumas palavras que cumprem o objetivo de enriquecer a discussão e fomentar o debate.

O estereótipo, grosso modo, nada mais é do que uma construção identitária utilizada para armazenar um conjunto de características que correspondem a determinado grupo: os negros são assim, os índios assado.

 Se pensarmos nos casos dos brasileiros, há o estereótipo cristalizado de que somos aqueles que nasceram no país do futebol e do carnaval. As mulheres, que aqui vivem são mulatas, possuem enormes bumbuns. Temos uma quedinha pela gambiarra, o nosso jeitinho brasileiro de dar jeito nas coisas e a nossa comida preferida é extremamente apimentada.

Evidentemente, nem todos nos enquadramos na descrição dita acima, mas um aspecto importantíssimo que eu tenho que trazer sobre o estereótipo é que ele geralmente não é formado por nós. O estereótipo é construído pelo outro.

Em outras palavras, cada país tem o brasileiro que merece. Para alguns. É bem verdade que anteriormente relacionei a ideia de estereótipo com identidade, colocando-o como uma forma engessada e fixa de identidade. Certo? Pois bem, a minha identidade só é definida na relação com o outro.

Em síntese, faço isso para introduzir um artigo da Folha de S. Paulo, ao qual você pode conferir clicando aqui, que elenca as pesquisas referentes ao Brasil realizadas em Portugal, E.U.A., Argentina, Venezuela, França e Iraque, evidenciando, assim qual a visão que eles têm de nós.

Em Portugal, as pesquisas mais recorrentes “Quem descobriu o Brasil?”, “Quem colonizou o Brasil?”. Além destas, temos “Como procurar um emprego no Brasil?” e “Como abrir uma empresa no Brasil”.

Nos Estados Unidos da América, há algumas perguntas referentes a “brazil butt lift” (cirurgia para aumentar as nádegas, tradução livre), no entanto, gostaria de chamar a atenção para as pesquisas do tipo “onde fica o Brasil?”, “em que país fica o Brasil?”, “que língua é falada no Brasil?” e “estátua no Brasil”.

Enfim, as demais pesquisas você confere clicando no link da postagem da Folha de S. Paulo, que ficou ali para cima, mas caso você estiver com preguiça de voltar no texto, você pode clicar aqui.

No momento, vou me restringir a ficar só com as pesquisas desses dois países. O que nós podemos observar é que, para os E.U.A., somos referência em bumbuns grandes. Em Portugal, somos vistos como um possível mercado de investimento. O que poderia fugir um pouco do estereótipo ao qual estamos acostumados a ser relacionados.

Se essas pesquisas podem evidenciar como nós somos vistos pelos estrangeiros, a recíproca é verdadeira. Pois é, meus amigos, “quem colonizou o Brasil?”. Eu torço para que essa pesquisa seja realizada por muitas crianças que estejam frequentando o equivalente ao nosso Ensino Fundamental I, em Portugal, pois seria um total descaso não só com a história do nosso país, mas com do país deles. No entanto, a pesquisa sobre o mercado brasileiro me leva a pensar que o português é empreendedor e que a nossa economia esteja melhor do que a deles.

Em relação aos norte-americanos, além do fato de que eles guardam grande admiração pelos bumbuns brasileiros, imagino que há certa ignorância (no sentido de falta de conhecimento) em pessoas que perguntam em que país fica o Brasil. Acrescento que sinto uma pontinha de arrogância e prepotência nos estadunidenses que conhecem o “Cristo Redentor” por “estátua no Brasil”.


Em suma, eu não defendo o estereótipo, pois se trata de uma representação ilusória de determinados grupos. Conforme já afirmado anteriormente, as nossas identidades se constroem nas relações que estabelecemos com os outros. O que podemos observar é que mesmos esses estereótipos podem variar a partir de quem olha. E a certeza é que se trata de uma via de mão dupla. Como eu te vejo e como você me vê.

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