Tem gente que ainda tem a fita da banda. Imagem mandada por Thiago Fernando. |
Eu
tenho 19 anos. Hoje faz 17 anos que os Mamonas Assassinas voaram para o “inesquecimento”.
Se eu gosto, gostava ou gostei dessa banda que mal conheci? Só de pensar que
nós dois éramos dois... A resposta é sim.
Difícil
entender como alguém não riria de tantas músicas cômicas como aquelas, não é?
Mamonas
Assassinas, ou apenas Mamonas, para os íntimos, foi uma banda brasileira de
rock cômico, tinha uma mistura de punk rock com alguns gêneros populares, como,
o forro, o brega, o heavy metal, o pagode, Rap, reggae e até música mexicana.
Com
uma carreira curta, bem curta, que durou de julho de 1995 até março de 1996, a
banda conquistou multidões de fãs, tinham muito sucesso e apenas um álbum de
estúdio, “Mamonas Assassinas”, lançado em junho de 1995. O álbum vendeu mais de
3 milhões de cópias no Brasil e ganhou o “Disco de Diamante”.
Um
grupo que tinha tudo para fazer ainda mais sucesso, se não fosse por uma
fatalidade.
A
“semente” da banda se dá quando Sérgio Reoli conhece Maurício Hinoto, irmão de
Bento que, ao saber que Sérgio é baterista, apresenta-o para seu irmão, que é guitarrista,
assim os dois resolvem criar uma banda. Nessa época o irmão de Sérgio, Samuel,
não se interessava por música, mas vendo os ensaios em sua casa, começou a
gostar e a tocar baixo. Assim foi formado o grupo Utopia, que fazia covers de
bandas, como: Ultraje a Rigor, Legião Urbana, Titãs, Paralamas do Sucesso,
Barão Vermelho...
E
Dinho, cadê ele até agora? Em 1990, durante um show, o público pediu para que
tocassem uma música do Guns N’ Roses, como não sabiam a letra, pediram para que
alguém da plateia os ajudasse. Quem foi o cara? Alecsander Alves. Quem? Também
conhecido como Dinho. Dinho se voluntariou para cantar e provocou muitas
risadas com seu desempenho. Além das risadas, ele ganhou também o posto de
vocalista. Através de Dinho, entra o quinto elemento, o tecladista Júlio Rasec.
A
banda passou a se apresentar na periferia de São Paulo e lançou um disco que
vendeu um pouco menos que o famoso “Mamonas Assassinas”, vendeu aproximadamente
100 cópias. A banda foi percebendo então que as paródias que faziam durante
seus ensaios eram melhores recebidas pelo público do que os covers. Começaram,
então, a introduzir essas músicas nos shows, percebendo a grande aceitação da
plateia. Essa foi a chave para o sucesso da banda. Em um show em Guarulhos,
conheceram Rick Bonadio, o empresário de Charlie Brown Jr. Gravaram duas
músicas, Pelados em Santos e Robocop Gay e, então, decidiram mudar o perfil da
banda, que passou a se chamar, por criação de Samuel, “Mamonas Assassinas do Espaço”
e reduzida depois para “Mamonas Assassinas” que conhecemos bem.
O
grupo enviou uma fita com três músicas: Pelados em Santos, Robocop Gay e
Jumento Celestino, para três gravadoras, Sony Music, EMI e mais uma. O
baterista da banda Baba Cósmica, filho do diretor artístico da EMI e amigo dos
Mamonas, Rafael Ramos, insistiu na contratação. Após ver uma apresentação em
abril de 95, João Augusto, o diretor artístico da EMI, resolve assinar contrato
com os Mamonas Assassinas.
Depois
da gravação de um disco produzido por Rick Bonadio, saem em uma grande turnê,
com direito a apresentações em programas como: Domingo Legal, Jô Soares Onze e
Meia, Domingão do Faustão, Xuxa Park, além de apresentações em 25 estádio
brasileiros (e o Brasil tinha 27 estádios na época). Os Mamonas passaram a ter
então um dos cachês mais altos do país, cerca de 50, 70 mil. Houve época que
chegaram a vender 100 mil cópias a cada dois dias.
O
símbolo da banda é uma inversão da logomarca da Volkswagen, de ponta cabeça.
Essa informação é mesmo só para curiosidade.
Os
Mamonas se preparavam para uma viagem a Portugal, que aconteceria em 03 de
Março de 96. Porém... Voltando de um show em Brasília, em 02 de março, as
23h16, o jatinho em que viajavam se chocou contra a Serra da Cantareira. O
acidente provocou a morte de todos os passageiros do avião. O enterro aconteceu
em 04 de março e foi acompanhado por mais de 65 mil fãs. Vale lembrar que essa
foi a segunda grande perca brasileira em menos de dois anos, a primeira, em
1994, foi a de Ayrton Senna, piloto de fórmula 1.
Será
que avião que provocou a trágica morte dessa banda promissora era o mesmo do
trecho “Você não sabe como parte um coração/ Ver seu filhinho chorando querendo
ter um avião”, ou era um daqueles que Samuel costumava desenhar quando
adolescente, ou ainda um avião que os cinco integrantes sempre viam decolar,
por morarem perto do Aeroporto Internacional de São Paulo, ou aquele do sonho
que Júlio contou para um amigo, que seria um acidente. Se formos analisar, a
muitas ligações entre os Mamonas e os Aviões, mas não farei isso pois não quero
criar uma “paranoia” em torno disso, como já aconteceu com a morte de muitos
famosos.
Já foi
mencionado aqui, mas não é exagero citar os grandes músicos dessa banda, que
tanto nos conseguiam fazer rir, não por apenas 07 meses, mas por quase 20 anos.
Dinho, vocalista e também tocava violão, chamava-se Alecsander Alves. Bento Hinoto,
que tocava guitarra, violão e se chamava Alberto. Samuel Reoli, que tocava baixo
e era irmão de Sérgio Reoli, que tocava bateria. E, por fim, mas não menos
importante, Júlio Rasec nos teclados, vocais e backing vocals.
Após o
término forçado da banda, muitos tributos surgiram, dentre as homenagens,
pode-se citar as de: Alexandre Pires, Titãs, a banda paulista 365, o cantor
Barrerito, Gabriel o Pensador, Lenine, Nando Reis, Maurício de Souza, com um
episódio da Turma da Mônica, além de episódios da Mega Lista MTV de VJs
Paladinos, MTV Brasil, trilha sonora de novelas, enredos de escolas de samba e,
o especial “Por Toda Minha Vida”, de 2008, que bateu recorde de audiência,
atingindo 26 pontos, provavelmente minha televisão também estava naquela
emissora nesse horário.
Certo
dia, conversava com um primo que dizia que antigamente, não gostava da música
dos Mamonas Assassinas porque as considerava um insulto ao Rock. Na verdade,
não sou fanático, nem do tipo que considera um gênero mais rico culturalmente
do que outros. Evidentemente, por gostar de Rock, acredito que a carga de informação
e cultura (dentro de uma perspectiva erudita e não antropológica, assim por
dizer) nesse gênero musical é muito maior, comparado a alguns gêneros musicais
no Brasil, atualmente.
Por esse
motivo, acredito que o Mamonas Assassinas chegou mais longe do que qualquer
outra banda de Rock considerada séria no quesito difundir o Rock pelo Brasil ou
vai dizer que não é uma “porrada” de gente que escutava Mundo Animal e que
batia cabeça com a “intro” da música.
No que
diz respeito à parte musical, Bento Hinoto, guitarrista da banda, segundo o
próprio produtor da banda, Rick Bonadio, era o melhor músico, bastante
detalhista, fazia os arranjos e traduzia em música as “sacadas” do Dinho.
Conforme expõe o produtor no documentário “Mamonas Para Sempre”, cada integrante
era extremamente importante e tornava o grupo equilibrado. Júlio, por exemplo,
era um bom tecladista, não era excepcional, mas era criativo e cuidava bastante
do relacionamento entre os integrantes.
Alguns
vídeos abaixo mostrarão trechos do que foram os Mamonas Assassinas, uma banda
de Rock irreverente, humilde, que lutavam pelos seus sonhos, engraçada e
extremamente criativa.
O vídeo tem o título de imitação do Joel Santana, mas, é evidente que se trata do então candidato a presidência da República, Luis Inácio Lula da Silva, falando inglês.
O talentoso guitarrista da banda, Bento Hinoto, fazendo um solo em uma apresentação ao vivo. A apresentação feita pelo Dinho enriquece a peça.
Dinho fazendo um desabafo em Guarulhos, no palco onde foi recusado anos antes do sucesso. Dando uma palavra motivacional aos fãs.
A banda faz uma "zueira" durante um passeio de carro nos Estados Unidos da América. Vale a pena conferir o improviso feito pelos caras.
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