21 de abril de 2013

Tiradentes




Era dia 21 de abril de 1792.

221 anos depois e cá estamos nós para falar de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.

O quarto filho de Domingos da Silva Xavier e Maria Paula da Encarnação Xavier foi batizado em 12 de novembro de 1746. Dentista (deve ser daí que surge o 'Tiradentes'), tropeiro, minerador, comerciante, militar e ativista político que atuava nas capitanias de Minas Gerais e Rio de Janeiro, na época do Brasil colonial, esse foi o mártir da Inconfidência Mineira, patrono cívico do Brasil, bem como das Polícias Militares do Estado. Sim, um Herói Nacional.

Em 1757, órfão de pai e mãe, Joaquim José fica sob a tutela de um primo, que era dentista. Sua família perdeu propriedades devido a dividas e, talvez por isso, Joaquim não pode fazer estudos regulares. O menino trabalhou como mascate e minerador, além de se dedicar a praticas farmacêuticas e à profissão e dentista (Sim, daí que surge 'Tiradentes').

Devido aos conhecimentos que adquiriu com o trabalho de minerador, Tiradentes começa a trabalhar para o governo, como técnico em reconhecimento de terrenos e na exploração de seus recursos. Em 1780, alista-se na tropa da Capitania de Minas Gerais e, nesse período, começa a ter contato com grupos que criticavam a exploração do Brasil. Em 1787, insatisfeito por não conseguir promoção na carreira militar, pede licença à Cavalaria.


Tiradentes morou quase um ano no Rio de Janeiro, nesse período idealizava projetos que beneficiariam a população, porém, não conseguiu aprovação para realizá-los. Essa negação fez como que seu desejo de liberdade aumentasse. Voltou para Minas Gerais e começou a pregar a favor da independência em Vila Rica. Fez parte de um movimento que aliava integrantes do clero e da elite mineira. Com a independência das colônias estadunidenses o movimento ganha reforço ideológico, que também contava com o acesso aos ideais liberais da Europa.

Além das influências supracitadas, fatores mundiais e religiosos contribuíram para a articulação da conspiração no estado, como a queda nas atividades relacionadas com a cana de açúcar, o pagamento do Quino (imposto que obrigava os mineiros a pagar arrobas de prata à Real Fazenda) e a decretação da derrama, que era uma medida que permitia a cobrança forçada de impostos.

Na noite da insurreição se inicia o movimento, com os lideres da Confidência saindo às ruas de Vila Maria e ganhando a adesão da população.

Com a suspensão da "derrama", o movimento se esvaziou. Quando tomou consciência da conspiração, Silvério dos Reis foi enviado para o Rio de Janeiro para, junto ao vice-rei, abrir investigação. Tiradentes foi avisado e se escondeu na casa de um amigo, mas, ao tentar entrar em contato com Silvério, foi preso. Dez dias depois, em 20 de maio, o Visconde de Barbacena iniciava as prisões dos inconfidentes em Minas.

Dentre os inconfidentes, estavam: Padre Carlos Correira de Toledo e Melo, Padre José da Silva e Oliveira Rolim, Manuel Rodrigues da Costa, Francisco de Paula Freire de Andrade, Domingos de Abreu Vieira, além dos poetas Cláudio Manuel da Costa, Inácio José de Alvarenga Peixoto e Tomás Antônio Gonzaga.

Os inconfidentes tinham o plano de estabelecer um governo republicano independente de Portugal, criar indústrias no país, uma universidade em Vila Rica e tornar São João del-Rei a capital. O primeiro presidente seria Tomás António Gonzaga e, após três anos, haveria eleições. Na república não haveria exército e, em vez disso, toda a população deveria usar armas e formar milícia quando necessário. Os inconfidentes visavam a autonomia apenas das províncias de Minas Gerais, não prevendo o direito a autonomia feminina.
                                                                                                               
Tiradentes, a principio, negou sua participação no movimento, mas, posteriormente assumiu a responsabilidade pela Inconfidência sozinho, inocentando seus companheiros, que haviam sido presos e, devido à Carta de Clemência de D. Maria I, sentenciados ao degredo. Apenas Tiradentes, o inconfidente de posição social mais baixa, foi condenado a morte.


Em uma manhã de sábado, 21 de abril de 1792, Joaquim José percorreu em procissão as ruas do centro da cidade do Rio de Janeiro, fazendo o trajeto da cadeia pública até o local onde foi armado o patíbulo.O fato foi usado para demonstrar a força da coroa portuguesa, a leitura da sentença levou 18 horas e, após, houve aclamação à rainha. O objetivo de tal encenação era amedrontar a população que acompanhava o evento, mas, como aponta Bóris Fausto, esse fato apenas contribuiu para a revolta de quem presenciava.

Tiradentes foi enforcado e esquartejado, cumprindo assim a sentença. Sua cabeça foi erguida em um poste em Vila Rica e os demais restos mortais foram distribuídos ao longo do Caminho Novo, que passava por lugares onde Joaquim fazia seus discursos.

Mais de um século após sua morte, o personagem Tiradentes aparece em vários filmes, como: Inconfidência Mineira, Romanceiro da Inconfidência, Cristo de Lama, Dez Vidas, Tiradentes, o Mártir da Independência, Saramandaia, Tiradentes etc.

Em sua homenagem, Minas Gerais tem uma cidade chamada Tiradentes.

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