Era dia 21 de abril de 1792.
221
anos depois e cá estamos nós para falar de Joaquim José da Silva Xavier, o
Tiradentes.
O
quarto filho de Domingos da Silva Xavier e Maria Paula da Encarnação Xavier foi
batizado em 12 de novembro de 1746. Dentista (deve ser daí que surge o
'Tiradentes'), tropeiro, minerador, comerciante, militar e ativista político
que atuava nas capitanias de Minas Gerais e Rio de Janeiro, na época do Brasil
colonial, esse foi o mártir da Inconfidência Mineira, patrono cívico do Brasil,
bem como das Polícias Militares do Estado. Sim, um Herói Nacional.
Em
1757, órfão de pai e mãe, Joaquim José fica sob a tutela de um primo, que era
dentista. Sua família perdeu propriedades devido a dividas e, talvez
por isso, Joaquim não pode fazer estudos regulares. O menino trabalhou como
mascate e minerador, além de se dedicar a praticas farmacêuticas e à profissão
e dentista (Sim, daí que surge 'Tiradentes').
Devido
aos conhecimentos que adquiriu com o trabalho de minerador, Tiradentes começa a
trabalhar para o governo, como técnico em reconhecimento de terrenos e na
exploração de seus recursos. Em 1780, alista-se na tropa da Capitania de Minas
Gerais e, nesse período, começa a ter contato com grupos que criticavam a
exploração do Brasil. Em 1787, insatisfeito por não conseguir promoção na
carreira militar, pede licença à Cavalaria.
Tiradentes
morou quase um ano no Rio de Janeiro, nesse período idealizava projetos que
beneficiariam a população, porém, não conseguiu aprovação para realizá-los.
Essa negação fez como que seu desejo de liberdade aumentasse. Voltou para Minas
Gerais e começou a pregar a favor da independência em Vila Rica. Fez parte de
um movimento que aliava integrantes do clero e da elite mineira. Com a
independência das colônias estadunidenses o movimento ganha reforço ideológico,
que também contava com o acesso aos ideais liberais da Europa.
Além
das influências supracitadas, fatores mundiais e
religiosos contribuíram para a articulação da conspiração no estado,
como a queda nas atividades relacionadas com a cana de açúcar, o pagamento do
Quino (imposto que obrigava os mineiros a pagar arrobas de prata à Real Fazenda)
e a decretação da derrama, que era uma medida que permitia a cobrança forçada
de impostos.
Na
noite da insurreição se inicia o movimento, com os lideres da Confidência
saindo às ruas de Vila Maria e ganhando a adesão da população.
Com
a suspensão da "derrama", o movimento se esvaziou. Quando tomou consciência
da conspiração, Silvério dos Reis foi enviado para o Rio de Janeiro para, junto
ao vice-rei, abrir investigação. Tiradentes foi avisado e se escondeu na casa
de um amigo, mas, ao tentar entrar em contato com Silvério, foi preso. Dez dias
depois, em 20 de maio, o Visconde de Barbacena iniciava as prisões dos
inconfidentes em Minas.
Dentre
os inconfidentes, estavam: Padre Carlos Correira de Toledo e Melo, Padre José
da Silva e Oliveira Rolim, Manuel Rodrigues da Costa, Francisco de Paula Freire
de Andrade, Domingos de Abreu Vieira, além dos poetas Cláudio Manuel da Costa,
Inácio José de Alvarenga Peixoto e Tomás Antônio Gonzaga.
Os
inconfidentes tinham o plano de estabelecer um governo republicano independente
de Portugal, criar indústrias no país, uma universidade em Vila Rica e tornar
São João del-Rei a capital. O primeiro presidente seria Tomás António Gonzaga
e, após três anos, haveria eleições. Na república não haveria exército e, em
vez disso, toda a população deveria usar armas e formar milícia quando
necessário. Os inconfidentes visavam a autonomia apenas das províncias de Minas
Gerais, não prevendo o direito a autonomia feminina.
Tiradentes,
a principio, negou sua participação no movimento, mas, posteriormente assumiu a
responsabilidade pela Inconfidência sozinho, inocentando seus companheiros, que
haviam sido presos e, devido à Carta de Clemência de D. Maria I, sentenciados
ao degredo. Apenas Tiradentes, o inconfidente de posição social mais baixa, foi
condenado a morte.
Em
uma manhã de sábado, 21 de abril de 1792, Joaquim José percorreu em procissão
as ruas do centro da cidade do Rio de Janeiro, fazendo o trajeto da cadeia
pública até o local onde foi armado o patíbulo.O fato foi usado para demonstrar
a força da coroa portuguesa, a leitura da sentença levou 18 horas e, após,
houve aclamação à rainha. O objetivo de tal encenação era amedrontar a
população que acompanhava o evento, mas, como aponta Bóris Fausto, esse fato
apenas contribuiu para a revolta de quem presenciava.
Tiradentes
foi enforcado e esquartejado, cumprindo assim a sentença. Sua cabeça foi
erguida em um poste em Vila Rica e os demais restos mortais foram distribuídos
ao longo do Caminho Novo, que passava por lugares onde Joaquim fazia seus
discursos.
Mais
de um século após sua morte, o personagem Tiradentes aparece em vários filmes,
como: Inconfidência Mineira, Romanceiro da Inconfidência, Cristo de Lama, Dez
Vidas, Tiradentes, o Mártir da Independência, Saramandaia, Tiradentes etc.
Em
sua homenagem, Minas Gerais tem uma cidade chamada Tiradentes.
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